segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Terroristas


Olá a todos. Já está ficando batido eu postando textos do Pondé aqui. Mas ele é muito bom,muito corajoso.
Sobre essa empreitada em condecorar o Assange e se dizer chocado ou revoltado com os fatos apresentados pelo WikiLeaks,oras,só sendo muito ingênuo pra realmente se incomodar com isso. Pois, das duas, uma: ou é ingênuo o bastante para nunca ter pensado nem percebido isso, ou é ingênuo o bastante para achar que democracia,política e diplomacia se fazem sem segredos e a panos limpos.
 
No mais, só vejo as duas explicações que seguem: todo esse apoio e gritaria pelo Assange é a tradução do ódio pelos EUA, aquela coisa de colegial que acaba de descobrir o marxismo. Ou então a catarse geral que, de tempos em tempos, aparece movido por alguns casos veiculados pela mídia e que se transformam numa caça às bruxas, estilo casal Nardoni.
 
Se alguém que souber de leis e estiver lendo isso puder me esclarecer alguns pontos, seria muito interessante pra mim, de verdade: Como é a legislação penal referente divulgação de dados sigilosos? Como os dados sigilosos são tratados na lei? Existe algo específico para isso ou são apenas dados 'escondidos'? 

 

Nosso mundo é muito mais complexo do que nosso "coração de estudante" consegue imaginar 
 
E O TERRORISTA do WikiLeaks brinca de justiceiro acusando os EUA de inimigo da democracia. Piada idiota. E tem gente que crê nessa bobagem. Os EUA não são santos, ninguém é.
E o Brasil reconheceu o Estado Palestino. E a diplomacia brasileira brinca de amiguinha do presidente do Irã, um ditador da idade da pedra.
No que se refere ao Oriente Médio e ao terrorismo islâmico (que não é igual ao Islã em si), a diplomacia brasileira é ideológica, o que é a mesma coisa que dizer que parece papo de estudante comunista (outra coisa da idade da pedra).
Vale dizer que a culpa é dos professores que fizeram das universidades verdadeiras madrassas do fundamentalismo de esquerda, doutrinando os alunos ao seu bel prazer.
Madrassas são escolas de teologia islâmica, às vezes parasitadas pela teologia do terrorismo islâmico, mas que, obviamente, não se reduz a isso.
E há gente (infantil) que não entende que o Ocidente está em guerra com o fundamentalismo islâmico. Nunca haverá paz. E isso nada tem a ver com gostar de guerras. 
Gente normal não vai pra guerra porque gosta, vai porque não tem outro jeito. Eis um fato que cinderelas não suportam.
A maioria de nós por aqui não sabe o que é odiar alguém a ponto de ir pra guerra. E acredita mesmo naquele papinho de professor de ciências humanas sobre guerras poderem ser resolvidas com "amor ao próximo" ou "justiça social internacional". Blábláblá.
Pouco importa se continuamos a doar dinheiro para crianças da África. Pouco importa se continuamos a nos olhar no espelho com o intuito secreto de nos emocionarmos com nossa própria sensibilidade.
Ainda assim há uma guerra com o terrorismo islâmico. Pouco importa se você acredita que o "outro" seja sempre legal (mentira, existem "outros" que são o fim da picada), ou se você não cresceu o bastante para não viver como cinderela.
O mundo é mais complexo do que nosso "coração de estudante" imagina.
Ódio + conflito de interesses = guerra. Entendeu? Vejamos. Você já brigou por um espólio de um pai morto? Já deixou de falar com seu irmão por conta de uma casa velha caindo aos pedaços? Já rompeu relações com alguém que amava loucamente no último verão e hoje o odeia com a certeza de um vulcão? Agora pense: seria o mundo diferente de mim e de você e nossos minúsculos conflitos de interesses?
Vejamos um exemplo "banal". Fronteira da cidade de Belém (sob controle da muitas vezes corrupta Autoridade Palestina) com Israel. Na fronteira, homens e mulheres, palestinos, fazem fila pra entrar em Israel. Muitos lá trabalham. Policiais os revistam. Corpos, bolsas, mochilas. Tudo desagradável.
Infelizmente, em meio a estes infelizes muitas vezes podem estar terroristas "disfarçados". A única solução é revistá-los. Procedimentos assim garantem o cotidiano de pessoas comuns em tempos de guerra.
Eu sei que você vai dizer isso e aquilo sobre quem começou a história. Em números mais fáceis, começou com os romanos. Ou, mais contemporaneamente, aconselho você a ler "Mitos e Fatos, a Verdade sobre o Conflito Árabe-israelense" de Mitchell G. Bard.
Antes que alguém diga "mas ele é judeu!", lembre-se que muitos não estranhariam que um "árabe de esquerda" falasse mal de Israel. Provavelmente assumiriam como verdade óbvia o que ele diz.
Em situações piores, a violência pode não ser apenas psicológica, mas também física. Eu sei que você e eu podemos ficar chocados com abusos americanos, ingleses ou israelenses. Filmes e fotos de abusos abundam na mídia.
E aí, as cinderelas gritam: "olhe como fazem os americanos"! Pergunte-se, pelo menos uma vez: o fato de que você, em seu apartamento com TV a cabo, pode ver essas imagens significa o quê?
Significa que você vive numa democracia, coisa diferente do Irã e dos currais dos terroristas islâmicos. Você sabia que em alguns países islâmicos se você pregar outra religião irá pra cadeia? Eles expõem seus "torturadores" publicamente?
Agora acorde, tome um remédio contra o "coração de estudante" e vá trabalhar.

 

 

 
Ao som de: Beatles - Blackbird

sábado, 21 de agosto de 2010

ProUni não garante meta de jovens na universidade

Governo não conseguirá pôr 30% de jovens na universidade até 2011, diz TCU

Técnicos preveem que meta seja atingida em 2020; programa é bem concebido, mas existem falhas, afirma relatório

DIMMI AMORA

DE BRASÍLIA 
Mesmo com o ProUni, programa de bolsa para o ensino superior em instituição particular lançado em 2004, o governo não vai cumprir a meta de pôr 30% de jovens (18 a 24 anos) na universidade até 2011. É o que diz relatório do Tribunal de Contas da União aprovado nesta semana.
O documento classifica a iniciativa do ProUni como bem concebida, mas aponta problemas, como falta de indicadores de desempenho e baixo número de atendidos.
Outros entraves para se alcançar a meta, estipulada em lei no Plano Nacional de Educação de 2000, são, segundo o TCU, a queda no ritmo de crescimento de estudantes do ensino médio e o baixo número de vagas em universidades públicas.
O programa vem sendo usado como exemplo de sucesso pela candidata do governo à Presidência, Dilma Rousseff (PT), que já se comprometeu a ampliá-lo e a introduzi-lo no ensino médio.
Seu principal opositor, José Serra (PSDB), prometeu um programa semelhante de bolsas para o ensino técnico. Mas o DEM, principal aliado do candidato, está contestando o programa na Justiça.
O percentual de jovens no ensino superior passou de 10,5% em 2004 (início do ProUni) para 13,9% em 2008. Em 1993, eram 5%. Os técnicos fizeram uma curva estatística em que só em 2020 a meta de 30% será atingida.
Mas talvez nem em 2020 ela seja alcançada. Um dos gráficos aponta que a curva da taxa de crescimento dos alunos que concluem o ensino médio está declinando.
O percentual de jovens nessa fase passou de 37% para 43% entre 2001 e 2003 (seis pontos percentuais em dois anos). Mas, nos quatro anos seguintes, evoluiu apenas cinco pontos (foi a 48%).
Mesmo com poucos concluintes do ensino médio, a quantidade de vagas do Prouni ao ano corresponde a apenas 1,1% dos jovens com ensino médio completo. Outra crítica é à falta de indicadores de desempenho.
Segundo o relatório, o Ministério da Educação tem "nulo conteúdo informativo em termos das dimensões de permanência e de desempenho acadêmico [dos bolsistas]". Sem isso, afirma o TCU, é impossível avaliar a efetividade do ProUni.
Mesmo com problemas, o relatório diz que o programa consegue atender 90% da população de baixa renda.
Sem o ProUni, os mais pobres comprometeriam em média 47% da renda para manter os filhos na universidade, e no mínimo 30% das pessoas que usaram a bolsa (cerca de 200 mil) não teriam chegado à universidade.

Fonte aqui

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Abel

Faz tempo que não posto aqui e, quando posto, resolvo colocar um texto que não é de autoria minha. Sempre posto textos do Pondé aqui, gosto da sua sinceridade ao escrever, o que faz com que todo mundo se identifique com, ao menos, alguma coisa do que está nos seus textos. Esse não poderia ser diferente. Compartilho com vocês pelo que me reconheço neste texto, como se eu sempre quisesse escrever isso mas nunca soubesse como. 

E hoje vai sem ilustração pois ainda estou sem o Photoshop.


ABEL

CARO LEITOR, sou um pobre de espírito. Não daquele tipo que herdará o reino dos céus, como afirma Jesus no "Sermão da Montanha". Não há lugar pra gente como eu no reino dos céus. Por uma razão simples: não amo ninguém mais do que a mim mesmo. E isso é mortal. Sempre foi. Os mentirosos é que tentam dizer o contrário. Não partilho da nova "ciência do egoísmo", essa que se traduz em livros e revistas que buscam "novas formas de espiritualidade" centrada no amor próprio. Ou nessa coisa horrorosa chamada "autoestima".

Tampouco fiz de mim um budista light, desse tipo que parasita as religiões orientais com a intenção de inventar uma espiritualidade que sirva ao clássico egoísmo moderno, numa salada mista de energias hindus com Jung barato. Antes de tudo, recuso o budismo light por um mero senso do ridículo que habita essas formas mesquinhas de espiritualidade.

Com isso quero dizer que não trocaria o reino dos céus por alguma forma quântica de paraíso egoísta, ao sabor da espiritualidade de livrarias de aeroporto do tipo "O Efeito Sombra", cujo subtítulo é "Encontre o Poder Escondido na sua Verdade", dos "guias espirituais" Deepak Chopra, Debbie Ford e Marianne Williamson, perfeito para almas superficiais amantes de toda forma de espiritualidade mesquinha.

O que é uma espiritualidade mesquinha? Fácil responder essa. Espiritualidade mesquinha é, antes de tudo, uma forma de crença que deforma a face do crente, iluminando seus caninos ocultos. Aquela que sempre medita com o objetivo de nos tornar mais poderosos e bem-sucedidos. Essa praga espiritual está em toda parte porque, simplesmente, não conseguimos entender que, para salvarmos nossa vida, temos que perdê-la. Jesus tinha razão.

O principal obstáculo para se libertar do mal é o "eu". Essa peste que contamina todo ato humano. Como vampiros de Deus, queremos fazer até da "sombra" (do mal em nós) um serviçal de nosso sucesso.
Sou um pobre de espírito. Passo horas temendo o abandono, o desprezo e a indiferença. Comparando meus pequenos sucessos com os mais infelizes do que eu. Ainda bem que eles existem. Rezo para que o mundo me ame. Em meus pesadelos sempre sou o último dos amados do mundo. Quando encontro alguém melhor do que eu, perco o sono, quero destruí-lo. Sua respiração me sufoca. Sua generosidade me humilha. Seu sorriso é uma prova de que fracassei em amar o mundo.

Que o leitor apressado não pense que estou numa crise de autoestima. Que o leitor crente nessas formas de espiritualidade mesquinha não aplique psicologia barata ao que digo, tentando justificar tudo que lê com alguma hipótese acerca do cotidiano de quem escreve. Você não me conhece. Mas seguramente conhece a miséria que vos falo: quem ama alguém mais do que a si mesmo?

Não vale jogar na cara dos outros amores maternos e paternos ou filiais. Na era do "direito à felicidade do indivíduo", até a ciência já está provando (vide o diagnóstico apresentado pelo caderno Equilíbrio desta Folha no último dia 3/8) que ter filhos é um mau negócio.

Pais e mães são mais estressados do que adultos sem filhos. E é a mesma ciência que agora "descobre" a miséria dos pais, que a cria, em grande parte, com suas demandas "cientificas" de aperfeiçoamento da função parental. Ninguém mais sabe ser pai e mãe sem a palavra de uma especialista. Como sempre digo, a mania de criar um "homem" melhor vai nos destruir a todos.

Como idiota digital que sou, busco rapidamente na internet alguma nova teoria científica ou política que prove que ninguém é melhor do que ninguém. Que nos reúna num ato de mediocridade comum. Alguma nova técnica de treinamento em recursos humanos que devolva a mim minha falsa glória. Meu objetivo é fazer inveja a Deus.

Entendo Caim em seu ódio por Abel. Ao contrário das bobagens que afirma Saramago em seu livro "Caim" -críticas típicas de quem nada entende acerca da tradição bíblica porque permaneceu infantil espiritualmente-, Caim não suportou o fato de que Abel era melhor do que ele e por isso o matou. Existe algum Abel aí ao seu lado? 

terça-feira, 20 de julho de 2010

O poder da religião na esfera pública

Em "O Poder da Religião na Esfera Pública", Judith Butler, Jürgen Habermas, Charles Taylor e Cornel West interrogam sobre a especificidade da religião e da razão secular, disposições e orientações éticas em relação às políticas democráticas, cada um tomando uma vertente diferente do complexo entrelaçamento entre religião e esfera pública no mundo contemporâneo.













Os ensaios que compõem esse volume incluem "The Political: The Rational Meaning of a Questionable Inheritance of Political Theology" (O Político: O significado racional de uma herança questionável de Teologia Política) de Habermas; "Why We Need a Radical Redefinition of Secularism" (Por que precisamos de uma definição radical de secularismo) escrito por Taylor; "Is Judaism Zionism?" (É o judaísmo um zionismo?) por Butler e "Prophetic Religion and the Future of Capitalism Civilization" (Religião profética e o futuro da civilização capitalista) escrito por West. Cada capítulo foi originalmente apresentado como uma fala em um recente simpósio co-patrocinado pelo SSRC, o Institute for Public Knowledge na NYU, e o Humanities Institute  do Stony Brook. Os materiais relacionados a esse evento, incluindo gravações em áudio e transcrições dos painéis, estão disponíveis aqui.

"O poder da Religião na Esfera Pública", com edição e introdução de Jonathan VanAntwerpen e Eduardo Mendieta, com pósfácio de Craig Calhoun, está disponível pela Columbia University Press e SSRC

Retirado daqui, com tradução própria.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

você é um doador de órgãos?

Oficialmente ainda não. Mas serei doador.E quero meu corpo cremado.O resto é história.

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domingo, 20 de junho de 2010

eu to no terceiro ano, e sinceramente nao sei o que eu quero prestar no vestibular. E eu vejo todo mundo decidido e tudo mais, e eu perdido aqui. voce tem algum conselho pra isso?

Não se preocupe, você não é o único.Não tenha pressa em decidir isso logo,talvez não tenha a maturidade necessária.Poucos a tem,daí as desistências no meio do curso.Se preocupe em se conhecer e saber o que você quer da vida. Afinal, uma boa profissão é isso: um estilo de vida. Consulte um psicólogo vocacional,faça testes, pense no ambiente que você deseja pra daqui a 6 ou 7 anos.

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você se considera feliz hoje?

Eu me considero satisfeito com tudo que tenho. Já a felicidade, esta é uma coisa momentânea, tenho a felicidade quando realizo meus desejos,logo ela passa e eu já passo a desejar outra coisa. Como eu estava com sede e peguei um copo de água, pode-se dizer que estou feliz nesse momento,bebendo minha água.

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quinta-feira, 17 de junho de 2010

A importância do tédio em nossas vidas


Porque eu devolvi o meu iPad
por Peter Bregman (link)
Pouco mais de uma semana após comprar o meu iPad, eu o devolvi para a Apple. Mesmo tendo algumas falhas, o problema não estava exatamente no iPad. O problema estava em mim.
Eu gosto de tecnologia, mas eu não sou uma pessoa que compra sempre a primeira versão, o quanto antes, de novos aparelhos e gadgets, eu espero as novas versões para que sejam corrigidas as possíveis falhas de projeto que possam ter passado despercebidas. Eu esperei pelo iPod de segunda geração, esperei pelo iPhone de segunda geração e esperei pelo Macbook Air de segunda geração.
Mas o iPad é diferente. Tão elegante, tão legal, tão transformador… E, eu pensei, se ele é tão similar ao iPhone, a maioria das possíveis falhas de projeto que poderiam vir a existir já deveriam estar corrigidas.
Assim, pela primeira vez na minha vida, me encontrei esperando por duas horas em uma fila na frente da loja da Apple para adquirir o meu iPad 3G, bem no meio da tarde do dia do seu lançamento.
Fiz as configurações iniciais do aparelho na própria loja da Apple porque eu queria ter certeza que eu já poderia começar a usá-lo no momento em que eu o comprasse. E eu o usei bastante. O levava para qualquer lugar que eu fosse. Tão pequeno, tão leve, por que não trazê-lo junto comigo?
Nele eu acessava o meu e-mail, escrevia artigos utilizando o aplicativo Pages, assistia a episódios da série Weeds no Netflix, lia notícias, verificava as condições e previsões climáticas, verificava o estado do tráfego, etc. É claro que eu mostrava orgulhosamente a minha nova aquisição a quem demonstrava um mínimo de interesse. (Isso por si só poderia gerar um novo texto. Eu mostrava o iPad 3G para qualquer um simplesmente por possuí-lo, como se fosse uma conquista. Por quê? Eu não criei o iPad, eu simplesmente comprei um!)
Não demorou muito para que eu me deparasse com o lado negro desse revolucionário aparelho: ele é de fato maravilhoso.
É tudo muito fácil, muito acessível, é rápido, a sua bateria dura muito. Claro que há alguns problemas, mas nada que chame muito a atenção. Na maior parte do tempo, eu conseguia fazer tudo o que eu queria e foi justamente isso que acabou se mostrando um grande problema.
É claro que eu quero assistir a um episódio de Weeds antes de ir dormir. Mas será que eu deveria? É realmente difícil de parar tendo visto apenas um episódio, e duas horas depois, me pego entretido, mas bem cansado. Mas será que eu estou mesmo melhor assim? Ou será que eu estaria melhor tendo sete horas de sono ao invés de apenas cinco?
A grande sacada do iPad é que ele é uma espécie de computador acessível em qualquer lugar, a qualquer hora. No metrô, no hall do elevador esperando o dito-cujo chegar, no taxi indo para o aeroporto, etc. Qualquer momento se torna um momento em potencial para se usar o iPad. O iPhone consegue fazer as mesmas coisas, mas não da mesma forma. Quem que quer ver um filme naquela telinha pequena do iPhone?
Então, por que o iPad se mostrou um problema? Do jeito que eu falo ele parece super produtivo. De fato é, pois a cada minuto extra eu me encontrava produzindo ou consumindo.
Mas algo – mais do que apenas a quantidade de horas que eu durmo, apesar de isso também ser crítico – foi perdido no tempo. Algo valioso demais para se perder.
Tédio.
Ficar entediado é uma coisa muito importante, um estado de espírito que devemos buscar. Uma vez que ficamos entediados, a nossa mente começa a vagar, buscando alguma coisa excitante, alguma coisa interessante para se estabelecer. E é justamente aí que a criatividade aparece.
As minhas melhores idéias vêm à mim quando eu não estou produzindo nada:
  • Quando eu estou correndo, mas não estou ouvindo nada no meu iPod;
  • Quando eu estou sentado, sem fazer nada, apenas esperando por alguém;
  • Quando estou deitado na minha cama esperando que o sono venha;
Esses momentos “perdidos” são vitais.
Existem momentos em que nós, mesmo inconscientemente, organizamos as nossas mentes, colocamos sentido nas nossas vidas e ligamos os pontos. Existem momentos ainda em que falamos com nós mesmos e outros que ouvimos. Perder esses momentos, substituí-los com tarefas e eficiência, é um erro. O pior de tudo é que nós não apenas os perdemos, nós os jogamos fora.
“Mas isso não é um problema com o iPad”, falou o meu irmão Anthony – ao qual sou compelido a mencionar que está produzindo um filme chamado “Meu Irmão Idiota”. “Isso é um problema seu. Você tem apenas que não usá-lo tanto!”
Sim, culpado. O problema estava comigo. Eu não consigo simplesmente não usá-lo. E, infelizmente, ele está sempre ali, disponível! E, depois de ponderar, eu resolvi devolvê-lo. Pronto, problema resolvido.
Essa experiência foi bem proveitosa para me ensinar o real valor do tédio. Agora eu estou bem mais consciente, de forma a utilizar melhor esses momentos extras para deixar a minha mente fluir em idéias e pensamentos.
Mais ou menos na mesma época que eu devolvi o meu iPad, percebi que a minha filha de oito anos, Isabelle, estava inacreditavelmente ocupada do momento que ela chegava da escola até a hora que ela ia para a cama. Tomar banho, leitura, treino de violão, jantar, dever de casa, ela não parava um momento até eu lhe falar para ir dormir. Uma vez na cama, ela tentava falar comigo, mas eu, preocupado com o pouco sono que ela poderia ter, apressava esse momento e a impelia a dormir logo.
Agora nós temos um novo ritual, um que tem se tornado a minha parte favorita do dia. Eu a tenho colocado para dormir 15 minutos mais cedo do que eu a colocava antes. Ela deita na cama, eu deito do lado dela e nós simplesmente conversamos. Ela fala sobre as coisas que aconteceram durante o seu dia, sobre coisas que a preocupam, coisas que ela está curiosa ou apenas sobre os seus pensamentos. Eu a ouço e faço perguntas. Nós rimos, e as nossas mentes simplesmente divagam…
Retirado de www.produzindo.net
Para ler ouvindo: Muse- Sing for Absolution

quarta-feira, 16 de junho de 2010

o que voce pensa sobre o futuro, as pessoas devem seguir seus sonhos, ou apenas seguir a vida?

O ideal é quando as duas opções se encontram: a pessoa vive de forma que consiga realizar seus sonhos. Nem sempre os sonhos são impossíveis ou utópicos. Assim a vida fica melhor.Só temos uma vida!Preste atenção ao que vai fazer à ela!

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segunda-feira, 14 de junho de 2010

Filosofia no vestibular Unesp


O exame da primeira fase do vestibular de meio de ano da Unesp (Universidade Estadual Paulista), realizado na tarde deste domingo por 8.335 candidatos, foi considerado de nível médio, com questões bem elaboradas, segundo os professores dos cursinhos Objetivo e Etapa.
Edmilson Motta, coordenador-geral do Etapa, considerou as seis questões de filosofia --antes, costumava cair apenas uma-- "um marco, porque há muito se falava que iria se cobrar".
No entanto, tanto ele quanto o professor Luiz Augusto de Barros, do Objetivo, afirmaram que não era preciso ter conhecimentos prévios sobre filósofos para responder, bastava apenas interpretar os textos dados.
Para a professora de geografia do Objetivo, Vera Lúcia da Costa Antunes, as imagens coloridas facilitaram a visualização do problema proposto, "ajudando o aluno a ter um desempenho melhor".
Para Motta, as questões dessa disciplina e de história foram "mais tradicionais".
Maria Cristina Armaganijan, professora de inglês do Objetivo, destaca que "não havia grandes complicações", sem pegadinhas nas alternativas, nem respostas "próximas", que pudessem confundir o aluno. Sobre a questão 30, com tradução de vocabulário, ela avalia que a primeira e a terceira palavras eram fáceis e definiam a resposta, por exclusão, mesmo para quem não sabia o significado das outras duas.
Motta ressalta que as questões de português e de inglês foram além da interpretação de texto, um "pecado" cometido em vestibulares de outras instituições.
Para Alessandro Nery, professor de química do Objetivo, a prova exigiu "mais conhecimento factual do que propriamente raciocínio do aluno". Das seis questões, aponta em que apenas uma era preciso fazer cálculos.
José Carlos Garcia, professor de física do mesmo cursinho, avalia que os assuntos pedidos na prova são "os mais trabalhados no ensino médio", logo, de muita relevância, e que não havia contas complicadas.
Para Motta, do Etapa, no entanto, entre todas as questões de ciências, as de física foram consideradas as mais complexas. "Porque tiveram a intenção de contextualizar e, dependendo de como se faz isso, a prova fica mais difícil", comentou.
Abstenção
A abstenção na prmeira fase da Unesp foi de 7,7%. Do total de 9.030 que se inscreveram, 695 não compareceram aos locais da prova. No vestibular de meio de ano do ano passado, quando a primeira fase tinha dois dias, a abstenção registrada no primeiro dia foi de 6,1%.
Neste ano, a abstenção foi maior em Ourinhos (378 km de SP), onde 20,4% dos inscritos não fizeram o vestibular. No campus da cidade, são oferecidas 90 vagas para o curso de geografia.
No total, a Unesp oferece neste meio de ano 550 vagas para o segundo semestre.
No dia 25, serão divulgados os aprovados para a segunda fase, que acontece nos dias 4 e 5 de julho.
Retirado do site da Folha

domingo, 16 de maio de 2010

Como fazer um fichamento?



Neste novo post acho válido esclarecer uma dúvida muito comum pra estudantes do Ensino Médio e recém ingressados na faculdade: Como fazer um fichamento?

Seguem algumas dicas, que não pretendem ser deterministas, apenas indicar um caminho inicial.

1 - Antes de começar...
  • O ideal, antes de fazer um fichamento qualquer, é "preparar o terreno" fazendo uma boa leitura inicial do material, para ter uma idéia do terreno em que se está pisando.
  • Será um ótimo sinal se já surgirem daí aqueles "grandes achados" (idéias que nos soam como novas ou antigas idéias que reaparecem rejuvenescidas); anote-as, pois de outra forma se esquecerá delas e só perderá com isso.
  • Da mesma forma, perguntas ou dúvidas que surgem durante ou depois da leitura são importantes; tente anotá-las, pois são um tesouro precioso para quem estuda. Cabe ao leitor decidir, exercitando o seu bom senso, se convém interromper a leitura por um breve momento para esclarecimento daquela dúvida, ou se a dúvida pode esperar até o final da leitura do texto. Esse costuma ser o caso, esperar, quando o entendimento do texto não é comprometido pela dúvida e quando aquela dúvida vai exigir um esforço maior de estudo. Em todo caso, seja como for, anote a dúvida.
  • Procure enriquecer sua compreensão fazendo uma pesquisa sobre o texto em algum material de comentadores, busque nas enciclopédias ou mesmo na internet. Abra seus horizontes para ter uma visão melhor das conexões entre o que foi lido e o "mundo".
  • FINALMENTE: releia o texto novamente e vá fazendo o fichamento enquanto relê.
  • Partilhe, troque idéias! Um texto não é um bicho morto para ser dissecado. Dificilmente alguém que leu entendeu tudo que havia para entender, procure debater com quem viu algo diferente, de uma mesma fonte pode nascer bichos diferentes. Um bom texto é um bicho vivo, e grávido.
2 - Tipos de fichamento

Fichamento bibliográfico:
--- indicar com clareza o autor e o livro em questão
--- indicar se alguém importante já fez uma resenha sobre o livro
--- indicar o objetivo, tema central e a natureza do livro
--- passar todos os capítulos e indicar a sua idéia central

Fichamento temático:
--- escolha um tema central do livro
--- apresente um panorama do tema com recurso a outras fontes
--- indique os sentidos do tema na obra analisada

Fichamento de autor:
--- apresente dados bibliográficos do autor
--- apresente as principais obras do autor se for possível, (1) faça um breve comentário sobre cada uma delas, (2) mostre como se encaixam dentro da evolução do pensamento do autor, (3) mostre quais as questões chaves tratadas em cada obra, etc.
--- apresente um quadro geral da sua obra completa se for possível, (1) destaque as questões principais que o incomodavam, (2) enumere quais as suas maiores contribuições, (3) mostre aquilo que ficou faltando ou aberturas que geraram novas discussões depois.

3 - Tipos de atitude diante da leitura

Fechamento:
--- "eu já tenho uma posição definida, vou ler esse autor chato e esse texto ultrapassado só para dar uma olhada, duvido que vá aprender algo" E está certíssimo, eu também duvido que você vá aprender alguma coisa.

Reducionismo:
--- nega que toda moeda tem dois lados, faz uma leitura de forma submissa ou dominadora, concordando totalmente ou discordando completamente do autor. Revela uma dificuldade ou incapacidade de manter a identidade e de reconhecer a diferença. Uma posição tem sempre que absorver ou ser absorvida por outra. O autor tem sempre que ser um herói ou um vilão.

Estreitamento:
--- se prende ao texto escrito, não consegue se libertar dos sinais gráficos, não consegue estabelecer conexões, nem entender que leitura também se faz do mundo, da história, dos contextos sociais e individuais. Os textos parecem sempre comunicar coisas distantes, tudo cheira a mofo, coisas velhas e passadas, trivialidade, teorias abstratas sem sentido... É um sintoma grave: procure uma biblioteca urgente e marque uma consulta, peça uma receita de bons livros para curar essa anemia cultural.

Dialética e crítica mútua:
--- reconhece que a história muda, que uma mesma imagem não vale para todo caso, que tudo está em relação ciência-religião-filosofia-sociedade- arte-literatura; pretende manter a identidade própria mas também procura reconhecer as diferenças e dialogar com elas. É a atitude do verdadeiro filósofo.

4 - Como fichar

Não existe um modo único para fazer fichamentos, o modo pode variar bastante de acordo com a obra analisada, essa talvez seja a dificuldade principal em que esbarram aqueles que buscam um "roteiro esquemático".

Acho, contudo, que, ao invés de encarar isso como um problema, os interessados deveriam se sentir até aliviados. Os pontos chaves eu tentei enumerar acima, quanto a forma e o conteúdo, ficam a critério da criatividade e da capacidade de leitura e escrita de cada um.  

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Experiência Filosófica - Encontrar lembranças perdidas

Oi gente. Inicio aqui alguns posts especiais que farei a partir desse ano. Consistem em experiências filosóficas para o cotidiano. Algumas simples, outras mais complexas e profundas, mas todas interessantes. São retiradas do livro "101 experiências de filosofia cotidiana" do francês Roger-Pol Droit, publicado pela Sextante, e algumas inventadas por mim.

A experiência de hoje foi usada na aula do 2° e 3° Médio sobre psicologia. Espero que com isso fique mais claro para vocês o conceito freudiano de pré-consciente. Vamos lá.



"Encontrar Lembranças perdidas

Duração: 30 minutos ou mais

Material: uma memória

Efeito: imprevisível

Você sabe tantas coisas! Isso lhe parece tão comum e simples que você nem pensa mais a respeito. Você conhece, por exemplo, independente do seu nível de instrução, milhares de palavras da sua língua materna, as regras da gramática, aritmética, geometria. Lembra-se também de centenas de histórias, reais ou inventadas, vividas por você e por outros, transmitidas pelos historiadores ou por testemunhas, emprestadas também dos contos, dos romances, dos filmes.

A experiência consiste em constatar que você possui na sua memória mais lembranças do que sabe. É claro que você tem idéia disso, mas faça assim mesmo a experiência: separe uns trinta minutos e sente-se em um sofá. Feche os olhos e comece a procurar uma lembrança perdida, de forma voluntária e brutal.

Podemos pensar que uma experiência desse tipo está destinada a fracassar. É muito direta, muito grosseira. Mas não é bem assim. Ela raramente dá errado. Quase sempre nos recordamos de uma lembrança que irá se desdobrar – um fato, uma data, um gesto, uma cena, um rosto – e que pensamos ter desaparecido.

Não comece de forma totalmente aleatória, escolha algumas categorias genéricas, tais como trabalho, férias, eventos históricos ou familiares. Escolha como guia virtual um rosto, um ano, um local ,uma emoção. Siga, vire, aprofunde. Não force e não insista. Deixe que venha. No momento em que menos esperar irá surgir um fragmento de imagem, um ruído, um cheiro, uma cena. O conjunto pode aparecer de uma vez só, em sua totalidade, ou pode ser que seja necessário ouvir, desenvolver, desfazer uma a uma as dobras fechadas.

De vez em quando entre, passeie dentro de você mesmo e descobrirá, assim como desenterramos cogumelos ou trufas, lembranças que estavam aparentemente perdidas."

Ao som de: Muse - Invincible

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

O que é conhecimento?

Ólá turma. Aí vai o texto utilizado na aula de Filosofia do dia 9/02, para o projeto "Águas demais".


"O que é conhecimento?

Pedimos somente um pouco de ordem para nos proteger do caos. Nada é mais doloroso, mais angustiante do que um pensamento que escapa a si mesmo, idéias que fogem, que desaparecem apenas esboçadas, já corroídas pelo esquecimento ou precipitadas em outras, que também não dominamos. [...] Perdemos sem cessar nossas idéias. É por isso que queremos tanto agarrar-nos a opiniões prontas.
Deleuze e Guattari – O que é Filosofia?


A verdade

Todo conhecimento coloca o problema da verdade, quando nos perguntamos se o que está sendo enunciado corresponde ou não à realidade.

Comecemos distinguindo verdade e realidade. Na linguagem cotidiana, frequentemente os dois conceitos tendem a se confundir. Se nos referimos a um colar, a um quadro, a um dente, só podemos afirmar que são reais e não verdadeiros ou falsos. Se dizemos que o colar ou o dente são falsos, devemos reconhecer que o “falso” colar é uma verdadeira bijuteria e o “falso” dente um verdadeiro dente postiço.

O falso ou o verdadeiro não estão na coisa mesma, mas no juízo, e portanto no valor de verdade da afirmação. Há verdade ou não dependendo de como a coisa aparece para o sujeito que conhece. Por isso dizemos que algo é verdadeiro quando é o que parece ser. [...]


O critério da verdade

As questões analisadas nos remetem para a discussão a respeito do critério de verdade. Qual o sinal que permite reconhecer a verdade e distingui-la do erro? A resposta a essa pergunta tem variado no tempo, como veremos.

Há uma longa tradição na história da filosofia segundo a qual o critério da verdade é a evidência. Nesse sentido, para os gregos, verdade é aletheiam que significa não-oculto, portanto o que se desvela, o que é visto, o que é evidente. Algo verdadeiro seria o que corresponde à realidade, tal qual ela se mostra a nós.

Os escolásticos, filósofos medievais, seguindo a tradição aristotélica, repetem que “a verdade é a adequação do nosso pensamento às coisas.” O juízo seria verdadeiro quando a representação é a cópia fiel do objeto representado.

O critério da evidência sofreu posteriormente inúmeras críticas, sobretudo a partir da Idade Moderna, quando se rompe a crença de que a realidade do mundo aí está para ser conhecida na sua transparência. A questão do conhecimento passa a ser mais complexa: como julgar a verdade da representação do real pelo pensamento?Além disso, os filósofos da modernidade questionam a possibilidade mesma de conhecimento do real. Vejamos os exemplos de Descartes, Nietzsche, os pragmatistas, filósofos analíticos e Jürgen Habermas."

(Adaptado de ARANHA, Maria Lucia de A. Aranha. Filosofando - Introdução à filosofia)

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Levante sua voz

O Ilha das Flores da comunicação

O roteiro é o mesmo, mas no lugar de retratar a Ilha das Flores, de Jorge Furtado, o diretor Pedro Ekman apura a inexistência do direito à comunicação no Brasil. O vídeo é um pouco longo, 17 minutos, mas vale a pena parar para ver. Você vai rir, chorar, se emocionar e torcemos para que, como a TV Vermelho, ajude a espalhar por todos os cantos do país a obra prima que é o curta Levante sua voz.

O curta foi produzido pelo Intervozes Coletivo Brasil de Comunicação Social com o apoio da Fundação Friedrich Ebert Stiftung e retrata a concentração dos meios de comunicação no país.




Intervozes - Levante sua voz from Pedro Ekman on Vimeo.

Ficha técnica:



Roteiro, direção e edição: Pedro Ekman
Produção executiva e produção de elenco: Daniele Ricieri
Direção de Fotografia e câmera: Thomas Miguez
Direção de Arte: Anna Luiza Marques
Produção de Locação: Diogo Moyses
Produção de Arte: Bia Barbosa
Pesquisa de imagens: Miriam Duenhas
Pesquisa de vídeos: Natália Rodrigues
Animações: Pedro Ekman
Voz: José Rubens Chachá



Retirado do site do meu querido professor Arlindo F. Gonçalves. O eterno Air beautiful. Veja aqui .

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Reparação

Olá a todos! Quanto tempo!


Começo o ano mostrando uma promessa de documentário para o ano que chega agora. Não, não é Lula, o filho do Brasil, não é cinema eleitoral. É um documentário. Mesmo. Fuçando por aí achei o vídeo no Youtube, a descrição do vídeo é a que segue.
"Documentário conta história de vítima da violência da guerrilha durante o regime militar.
Pela primeira vez no Cinema Brasileiro, longa-metragem mostra histórias de violência dos 2 lados: da repressão militar e do terrorismo de extrema esquerda."


"Reparação é o título do documentário de longa-metragem em High Definition que conta a história de Orlando Lovecchio, vítima de um atentado a bomba praticado pela guerrilha que lutava contra o regime militar no Brasil, em 1968. Orlando perdeu a perna no célebre atentado ao Consulado dos EUA em São Paulo e, ainda hoje, em 2009, luta por justiça: como não é considerado uma vítima da ditadura militar, a aposentadoria que recebe é menor que a do autor do atentado que o vitimou e enterrou para sempre seu sonho de ser piloto de avião. O episódio envolvendo Orlando e seus desdobramentos tem merecido amplo e constante destaque na imprensa.
A partir deste caso, o filme provoca uma reflexão a respeito do período militar, da violência de grupos extremistas ontem e hoje na América Latina, da ditadura cubana que persiste até hoje com o apoio de democratas em todo o continente, além da relação ainda conflituosa existente entre o aparelho repressivo do Estado e os cidadãos comuns.
Com depoimentos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do historiador Marco Antonio Villa, do jornalista Demétrio Magnolli, entre outros, Reparação pretende iniciar uma nova discussão sobre o período militar dentro do contexto do Cinema Brasileiro, que até hoje tem falhado por mostrar apenas um lado dos que viveram a época, de uma forma muitas vezes maniqueísta (como se a História pudesse ser resumida a um eterno embate do bem contra o mal)
Em uma abordagem franca e sem amarras partidárias ou ideológicas, Reparação comprova sua total independência ao não ter recorrido às verbas públicas para sua realização.
Uma prova de que o Cinema Brasileiro pode suscitar o debate com qualidade técnica e total independência estética e de pensamento."

Este é o texto de apresentação do vídeo no youtube. No lançamento do filme veremos a independência de pensamento. Cabe também investigar as origens do orçamento do filme que, se não auxiliado por verbas públicas, certamente incentivado por empresas que esperam que algo seja mostrado no filme. De todo modo parece ser  muito interessante e a discussão é bem pertinente em época do Programa Nacional dos Direitos Humanos, com suas intenções ainda obscuras para mim.
Por último, um bom ano a todos. Que vocês possam ter a coragem de ser e a força de buscarem o mito próprio de cada um de vocês.


Ao som de: Chico Buarque - Cálice