Olá a todos. Já está ficando batido eu postando textos do Pondé aqui. Mas ele é muito bom,muito corajoso.
Sobre essa empreitada em condecorar o Assange e se dizer chocado ou revoltado com os fatos apresentados pelo WikiLeaks,oras,só sendo muito ingênuo pra realmente se incomodar com isso. Pois, das duas, uma: ou é ingênuo o bastante para nunca ter pensado nem percebido isso, ou é ingênuo o bastante para achar que democracia,política e diplomacia se fazem sem segredos e a panos limpos.
No mais, só vejo as duas explicações que seguem: todo esse apoio e gritaria pelo Assange é a tradução do ódio pelos EUA, aquela coisa de colegial que acaba de descobrir o marxismo. Ou então a catarse geral que, de tempos em tempos, aparece movido por alguns casos veiculados pela mídia e que se transformam numa caça às bruxas, estilo casal Nardoni.
Se alguém que souber de leis e estiver lendo isso puder me esclarecer alguns pontos, seria muito interessante pra mim, de verdade: Como é a legislação penal referente divulgação de dados sigilosos? Como os dados sigilosos são tratados na lei? Existe algo específico para isso ou são apenas dados 'escondidos'?
Nosso mundo é muito mais complexo do que nosso "coração de estudante" consegue imaginar
E O TERRORISTA do WikiLeaks brinca de justiceiro acusando os EUA de inimigo da democracia. Piada idiota. E tem gente que crê nessa bobagem. Os EUA não são santos, ninguém é.
E o Brasil reconheceu o Estado Palestino. E a diplomacia brasileira brinca de amiguinha do presidente do Irã, um ditador da idade da pedra.
No que se refere ao Oriente Médio e ao terrorismo islâmico (que não é igual ao Islã em si), a diplomacia brasileira é ideológica, o que é a mesma coisa que dizer que parece papo de estudante comunista (outra coisa da idade da pedra).
Vale dizer que a culpa é dos professores que fizeram das universidades verdadeiras madrassas do fundamentalismo de esquerda, doutrinando os alunos ao seu bel prazer.
Madrassas são escolas de teologia islâmica, às vezes parasitadas pela teologia do terrorismo islâmico, mas que, obviamente, não se reduz a isso.
E há gente (infantil) que não entende que o Ocidente está em guerra com o fundamentalismo islâmico. Nunca haverá paz. E isso nada tem a ver com gostar de guerras.
Gente normal não vai pra guerra porque gosta, vai porque não tem outro jeito. Eis um fato que cinderelas não suportam.
A maioria de nós por aqui não sabe o que é odiar alguém a ponto de ir pra guerra. E acredita mesmo naquele papinho de professor de ciências humanas sobre guerras poderem ser resolvidas com "amor ao próximo" ou "justiça social internacional". Blábláblá.
Pouco importa se continuamos a doar dinheiro para crianças da África. Pouco importa se continuamos a nos olhar no espelho com o intuito secreto de nos emocionarmos com nossa própria sensibilidade.
Ainda assim há uma guerra com o terrorismo islâmico. Pouco importa se você acredita que o "outro" seja sempre legal (mentira, existem "outros" que são o fim da picada), ou se você não cresceu o bastante para não viver como cinderela.
O mundo é mais complexo do que nosso "coração de estudante" imagina.
Ódio + conflito de interesses = guerra. Entendeu? Vejamos. Você já brigou por um espólio de um pai morto? Já deixou de falar com seu irmão por conta de uma casa velha caindo aos pedaços? Já rompeu relações com alguém que amava loucamente no último verão e hoje o odeia com a certeza de um vulcão? Agora pense: seria o mundo diferente de mim e de você e nossos minúsculos conflitos de interesses?
Vejamos um exemplo "banal". Fronteira da cidade de Belém (sob controle da muitas vezes corrupta Autoridade Palestina) com Israel. Na fronteira, homens e mulheres, palestinos, fazem fila pra entrar em Israel. Muitos lá trabalham. Policiais os revistam. Corpos, bolsas, mochilas. Tudo desagradável.
Infelizmente, em meio a estes infelizes muitas vezes podem estar terroristas "disfarçados". A única solução é revistá-los. Procedimentos assim garantem o cotidiano de pessoas comuns em tempos de guerra.
Eu sei que você vai dizer isso e aquilo sobre quem começou a história. Em números mais fáceis, começou com os romanos. Ou, mais contemporaneamente, aconselho você a ler "Mitos e Fatos, a Verdade sobre o Conflito Árabe-israelense" de Mitchell G. Bard.
Antes que alguém diga "mas ele é judeu!", lembre-se que muitos não estranhariam que um "árabe de esquerda" falasse mal de Israel. Provavelmente assumiriam como verdade óbvia o que ele diz.
Em situações piores, a violência pode não ser apenas psicológica, mas também física. Eu sei que você e eu podemos ficar chocados com abusos americanos, ingleses ou israelenses. Filmes e fotos de abusos abundam na mídia.
E aí, as cinderelas gritam: "olhe como fazem os americanos"! Pergunte-se, pelo menos uma vez: o fato de que você, em seu apartamento com TV a cabo, pode ver essas imagens significa o quê?
Significa que você vive numa democracia, coisa diferente do Irã e dos currais dos terroristas islâmicos. Você sabia que em alguns países islâmicos se você pregar outra religião irá pra cadeia? Eles expõem seus "torturadores" publicamente?
Agora acorde, tome um remédio contra o "coração de estudante" e vá trabalhar.
Ao som de: Beatles - Blackbird
Rs, fico muito feliz de saber que há seu "rolando" por ai...
ResponderExcluirMuito bom mesmo seu post, daria no mínimo um roteiro do Linch..
Bjao querido !!!
Sinceramente, achei o texto muito superficial e ruim. Sou ateu e contra qualquer fundamentalismo, seja ele islãmico, cristão (criadores do termo nos EUA), ou mesmo capitalista.
ResponderExcluirO discurso de tomar um remédio e ir trabalhar me parece coisa de Admirável Mundo Novo, ou a Subjetividade Domesticada que Foucault aponta.
Acredito que é preciso se indignar sim, não apenas com Assange, mas com todos, não podemos ficar anestesiados por remédios e trabalhando.
E, como propõe Foucault, se você tem a chance de ser transgressor, seja. Esqueça o marxismo, parece que o Pondé só conhece ele. Olhe mais à frente. Transgrida, fale, proteste, boicote.
Oi Soraia, obrigado pela força e pela comparação! =D
ResponderExcluirOi Carioca, obrigado pela participação, continue lendo e comentando!
Não sei a interpretação que você fez do "remédio", mas acho que ele quis dizer exatamente algo para "acordar" ("acorde,tome um remédio contra o coração de estudante") e deixar as ilusões um pouco de lado,não como medida de conformismo ou adaptação social à lá Huxley.
Partilhamos da mesma opinião, devemos nos indignar sim,devemos opinar, protestar e falar. Mas não tenho conhecimento do Foucault transgredindo e protestando por algum criminoso.
Esse texto me lembrou uma passagem de Walden onde Thoreau diz ser contra "caridade" por ser algo hipócrita uma vez que a sua própria existência e estilo de vida contribuem substancialmente para a sociedade ser como é.
ResponderExcluirSou a favor do Assange, governo governa para o povo e as empresas não podem mais fugir da responsabilidade societal e não podem leva-la adiante de forma primária.
Valeu Brunão.
ResponderExcluirE ainda ninguém me disse sobre a lei referente aos dados sigilosos.
Que existam Assanges é justo, que existam empresários é justo, que existam segredos e alguém para denunciá-los é justo. Disso é feita nossa história que, por sinal, está longe de acabar.
"...currais dos fundamentalistas islâmicos."
ResponderExcluirTexto terrível, preconceituoso... digno de um amante da verdade, supérfluo....
A Questão do Oriente Médio, assim como de qualquer "intriguinha" com os EUA, é uma questão de valores, só nós, ocidentais apaixonados por nossas vidinhas regradas, não conseguimos compreender o que são valores de uma forma efetiva.
Os EUA tentam dominar o mundo (vide David Harvey) se embasando em valores, certamente. Não que os governantes americanos sigam tais valores, mas se embasam nestes para que se "legitime" uma invasão no Iraque, por exemplo..
Vejo isso como uma disputa de valores, sendo que, os fundamentalistas (terroristas e afins, como o próprio Assange) não admitem os valores ocidentais/americanos. Justamente, a questão toda toma ares de ferrugem muitas vezes, pelo fato do Oriente ser, de certa forma, uma ponte à um mundo antigo,à valores antigos, or something like this.
Complexo, enfim.... talvez muito difícil para Pondé.
Parabenizo o Prof. pela fomentação destas questões tão contemporâneas.
P.S: De fato, na pós-modernidade não há mais espaço para o marxismo ou outra metanarrativa qualquer...