terça-feira, 8 de setembro de 2009

Cine filô





 





Hoje começo a postar sobre materiais filosóficos: livros, filmes, grandes obras e eventos. A ideia é divulgar o pensamento filosófico e mostrar que a filosofia ainda é viva e contemporânea; Disseminar informação e cultura filosófica.

De início, uma entrevista realizada com Ollivier Pourriol, autor do livro "Cine Filô".
Acreditando piamente que a sala escura do cinema permite a rara fusão entre imaginação e racionalidade, o francês Ollivier Pourriol teve uma idéia inusitada: ensinar filosofia através de enredos de filmes cultuados no mundo inteiro. Que tal aprendercom Brad Pitt, Tom Cruise, Bruce Willis e Christopher Lambert? O Clube da Luta, por exemplo, leva a um saboroso debate sobre a liberdade; Colateral é pretexto para salientar noções de método; O sexto sentido remete às fronteiras entre consciência e percepção. Assim, por meio de personagens da cultura pop, com seus dilemas contemporâneos, questões tradicionalmente consideradas “difíceis” chegam até o leitor leigo de forma compreensível, envolvente e sem banalizações. A filosofia se torna finalmente um conhecimento ao alcance de todos.

Como foi sua trajetória profissional?
Liceu Louis-le-Grand, em Paris, depois École Normale Supérieure (rua d’Ulm). Licenciatura em filosofia. Mestrado e doutorado em filosofia (Sorbonne-Paris IV) sobre a filosofia de Alain.
Como surgiu a idéia de ensinar filosofia com a ajuda do cinema?
Comecei a utilizar o cinema em sala de aula no último ano do colegial, depois continuei numa sala de cinema. Foi uma experiência, iniciada em 2006, no cineclube MK2 da Biblioteca de Paris. O sucesso foi imediato e me permitiu realizar quatro séries de conferências. Não se trata simplesmente de ensinar filosofia por meio do cinema, mas de confrontar cinema e filosofia. Muitas vezes, é o cinema que nos esclarece sobre a filosofia, graças ao seu poder de identificação.
Por que escolheu trabalhar com a filosofia de Descartes e Spinoza?
Comecei por Descartes e Spinoza, pois ambos buscaram um meio de universalizar seu pensamento ao lhe conferir uma forma democrática. Democrática não quer dizer fácil, mas acessível. Descartes escreveu em francês em vez de usar o latim. E Spinoza escreveu à maneira dos geômetras, more geometrico. Escolhi-os também porque Descartes e Spinoza utilizam a metáfora do olho e da visão para falar da atividade do espírito. Descartes fala de intuição, de ideia clara e distinta, da luz da razão... Spinoza diz, acerca das demonstrações, que elas são “os olhos da alma”. Eu quis “ver” se essa metáfora devia ser levada a sério e se podia ser fecunda, por exemplo, para compreender os movimentos de câmera no cinema. Não se pode dizer que Descartes privilegie a razão e Spinoza, a emoção. Spinoza é tão racionalista quanto Descartes. O que é interessante é que Descartes é um filósofo da liberdade, ao passo que Spinoza é um filósofo da necessidade. Quis explorar essa dissonância e dar-lhe vida através do cinema.
Por outro lado, esse livro é a primeira etapa de um projeto mais amplo, uma vez que há quatro anos venho trabalhando igualmente com Hegel, Kant, Rousseau, Alain, Michel Foucault, René Girard, Michel Serres... e sobre temas como a representação das catástrofes, a manipulação na democracia, a saúde, a criação nas ciências e na arte...
Como os filmes são usados no ensino de filosofia? Cada um é associado a um conceito distinto? O senhor poderia dar um exemplo?
Em Colateral, de Michael Mann, Tom Cruise personifica um matador profissional. Há uma cena numa boate em que cada movimento de câmera corresponde a um preceito do método cartesiano: ideia clara e distinta (do desfocado à definição), divisão da dificuldade (zoom), invenção de uma ordem não natural (montagem), enumeração (panorâmica). É delicado resumir, ainda mais sem estar assistindo ao filme, e eis por que no livro proponho uma montagem de trechos de filmes com descrições e diálogos, numa ordem que permite construir a ideia.
Ao som de: Man in the Box - Alice in Chains

12 comentários:

  1. hahaha.. . bem legall... deve ser um livro muito interessante...
    eu jah assisti os tres filmes citados na entrevista, e sao todos muito bons, "Clube da Luta", eh um dos meus filmes favoritoss...
    esse livro jah foi lancado Thiago?
    vlw
    abracos
    Giuseppe T. Somma - 3 AEM - CoC Atibaia

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  2. Oi Giuseppe! Ja foi lançado sim, levo na aula para você ver na sexta feira!! VOcê que gosta de cinema vai curtir!!

    Abraço!

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  3. Cher Thiago,
    Merci de parler de mon travail! Pour ceux que ça intéresse, et qui comprennent le français, vous pouvez écouter des conférences et voir des modules inspirés du livre ici: http://www.cine-philo.fr

    Ollivier Pourriol

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  4. Acho no mínimo muito bom ver um ótimo filme com ligações na filosofia.. post interessantíssimo!

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  5. EM CHOQUE COM O COMENTÁRIO ACIMA só pra constra, beijos

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  6. Ollivier!!
    Une visiteur inattendu!!
    Je ne parlé pas français mais merci pour votre visite!!!



    Caramba!! Meus ídolos são diferentes! Choked!

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  7. Uaauuu, que chique... até o Ollivier comentando..
    vc é outro nível Sr. Minnemann!!!!!

    Deu vontade de ler o libreto!

    beijos petit

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  8. haaa.... Thiago... oblog ta fknd kdavez mais legal e interessante... as citões dos livros, filmes e HQs..ta tdo mto legal... assim q se atrai mais a atenção ds pessoas p filosofia.. fazendo dela um tema mais leve e decontraido... amei o post

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  9. Obrigado pelo incentivo anônimo!
    Gostaria de saber quem é você!!


    Abraços.

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  10. haa... Thiago.. vc da aula p mim la no COC... eu sou a Natalia do 1º... eu sempre entro no blog... sempre fui mto interessada em filosfia ate ja li uns livros e tals... não grandes coisas mas eu chego lah rsrsrsrsrsrs

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  11. Ahhh Natália, sim sim. É que quando você posta, aparece "Anônimo" aí eu não sei quem é!!

    Obrigado pelas visitas, faça sugestões!! E continue lendo, você vai se surpreender com os resultados.

    Beijos

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  12. Olá Sr Monnemann

    Encontrei seu blog depois de ler o livro Cine Filô e achei interessantíssimo. Sou apaixonado por filosofia e já pude observar as transformações que podem ocorrer em quem se dispõe a perguntar e a procurar respostas...

    Bom encontrar mais pessoas com as mesmas paixões... Por vezes me sinto inquietantemente solitário em minhas buscas...

    Abraços

    Nelson

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