quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Comentários sobre o filme "V de Vingança"



“V de Vingança” (V for Vendetta) foi lançado em 2005 nos Estados Unidos e possui como roteiristas Andy Wachowski e Larry Wachowski, os mesmos de Matrix. O roteiro é inspirado na série em quadrinhos homônima de Alan Moore. A direção é de James McTeigue que já trabalhou como assistente de direção ou segundo diretor em vários projetos como na própria trilogia Matrix e também em Guerra nas Estrelas (Ataque dos Clones).

O tema gira em torno de vingança e medo. O primeiro constitui o corpo da obra e o segundo, a alma. E é por ter alma que este filme possui qualidade. Alguns podem não gostar dele mas classificá-lo como ruim é atestar a falta de qualquer conhecimento sobre cinema e artes em geral.

O que faz pinturas de Da Vinci, Michelangelo, Salvador Dalí e outros serem diferentes é justamente por terem alma. Ao criá-las esses artistas colocavam nas telas amor, paixão, ódio, imprimiam seus sentimentos e visões de mundo carregados de significados. Além disso, cada obra era única. Só existe uma única “Mona Lisa”, uma única Capela Sistina, um único “Dom Quixote”.

Nos dias atuais, este conceito de arte ainda persiste mas não é mais a corrente dominante. A lei mandatária da nossa era é a “linha de montagem”, a institucionalização, os padrões, as fórmulas e equações que garantem o retorno necessário para o pagamento das contas e que sustentam os lucros.

É muito comum nos shopping centers a presença de pequenas galerias para venda de quadros. Até parece ser mais um milagre dos tempos modernos - o acesso das massas a arte. Uma grande contribuição do nosso tempo a humanidade? Conversa fiada! Se analisarmos com mais cuidado podemos constatar que se trata de uma imagem chapada, impressa em papel sintético, por uma máquina e através de uma matriz. Como máquinas não possuem sentimentos, eu encaro esse objeto como uma farsa, uma obra sem alma.

Algo parecido acontece também no cinema. Hollywood é o mais claro exemplo de institucionalização da arte. O objetivo dos produtores incluem as contas pagas e o lucro garantido. Pra isso existem os clichês e os chavões hollydianos tais como Mel Gibson e Julia Roberts que garantem a bilheteria. Além disso, a tecnologia também dá uma mãozinha. Há inúmero programas de computadores que até mesmo criam os personagens, permitem cruzar perfis, situações, etc. Trata-se mesmo de algo tal como um linha de montagem que no fim tem-se um produto que será consumido por milhões de pessoas pelo mundo todo. Um produto que muitas vezes não tem alma, ou seja, é simplesmente o resultado de uma fórmula de gerar lucros.

Não é esse o caso de “V de Vingança”. Ele não é simplesmente um produto sem vida, sem significados. Sua história até possui clichês que poderiam levá-lo ao desastre, poderia torná-lo um blefe. Seria fácil escorregar para uma critica ou para uma denúncia como simples artifício para atrair o público. Isso seria muito hipócrita por condenar uma certa situação ao mesmo tempo que se aproveita dela.

A história se ambienta em um momento futuro em que a Inglaterra passa por um regime extremamente autoritário. Um político jovem, promissor e extremamente religioso é membro do partido Conservador, é decidido e não tem consideração nenhuma pelo processo político. Seu partido lança um projeto em nome da segurança nacional para a busca de armas biológicas. No entanto este objetivo é apenas fachada pois com isso não seriam questionados sobre os custos. O verdadeiro sentido do projeto é o poder. Dominação completa e total.

Foi criado então o Centro de Detenção Larkhill (Larkhill Detention Center) onde pessoas eram aprisionadas e submetidas a inúmeras violências e até mesmo serviam como cobaias para a criação de um vírus letal ao mesmo tempo que providenciavam também o medicamento para a cura que ele causaria.

Incentivado pela mídia, o medo de uma gerra biológica se espalha rápido e o partido Conservador é visto como a única saída para detê-la. Ele é então eleito e alcança o poder que tanto almejava.

Já com o vírus em mãos, era o momento de o partido mostrar serviço. Ele foi usado em uma escola, no metrô e numa estação de tratamento de água. Centenas de pessoas morreram nas primeiras semanas. Após a contaminação, uma fábrica de remédios controlada por membros do partido lança no mercado o Viadoxic, um medicamento que neutralizava o vírus. A empresa passou a bater recordes nas bolsas de valores e o povo acreditava ser um milagre de Deus que a teria escolhido para salvar o país.

Alguns extremista oposicionistas, usados como bodes expiatórios, foram julgados e condenados, e um memorial é erguido para canonizar as vítimas.

No entanto, os patifes do governo não contavam que um homem que estava preso em Larkhill tinha sobrevivido. Este assume o codinome “V” e dá início a um trama cuja base é a vingança. Ele “visa varrer esses vermes venais e virulentos da vanguarda do vício que permitem a viciosa e voraz violação da vontade”.

Se o filme tivesse ficado nisso eu mesmo teria-o condenado ao inferno para que queimasse ali junto com Rambo e outros do gênero. Mas Alan Moore deu alma a história e os irmãos Wachowski souberam bem traduzi-la para o telão.

Reflexões sobre o medo

O medo tornou-se a ferramenta fundamental do governo para instaurar um sistema de crueldade, injustiça, intolerância e opressão. As redes de televisão BTN (British Television Network) e Interlink contribuem muito divulgando notícias maquiadas.

As pessoas são fracas, não levam em conta que podem ajudar seu país se agissem de um modo diferente. Mas esta consciência é muito difícil de ser adquirida pois o medo é uma emoção, uma condição natural que provoca em nós a percepção do valor negativo que uma determinada situação tem para as nossas necessidades e interesses. Trata-se de um índice que indica o valor não desejável que uma situação tem para a nossa existência, ou seja, para a nossa vida.

Aristóteles afirma que “o medo é uma dor ou uma agitação produzida pela perspectiva de um mal futuro, que seja capaz de produzir morte ou dor”. Isso implica que nem todos os males são temidos mas apenas aqueles que provocam dor e destruição e também que sejam iminentes. Todos sabemos que vamos morrer um dia mas apenas somos tomados pelo medo quando encaramos a morte frente a frente.

Em “V de Vingança”, mesmo o governo usando da violência em vez do diálogo, eliminando a liberdade de se opor, pensar e falar, a população se via obrigada a se submeter. O chanceler criou uma determinada ordem de coisas que mostrava que a segurança da nação somente seria possível através da total submissão das pessoas as suas determinações. Ele tornou a possibilidade de um ataque com armas biológicas algo iminente e muito próxima da realidade das pessoas.

Hobbes afirma que emoções, como o medo, controlam toda a conduta do homem e, neste mesmo sentido, Descartes afirma que a função natural das emoções é nos incitar a executar ações que servem para conservar o corpo ou para torná-lo mais perfeito. Descartes ainda considera que as emoções não provém da diferença entre os objetos, mas dos diferentes modos pelos quais os objetos nos prejudicam, nos ajudam ou, em geral, têm importância para nós. Kant complementa que as emoções ajudam e sustentam a existência implicando que a utilidade das emoções decorre da função exercida em face da vida.

Heidegger é quem aproxima o tema da angústia a grande discussão sobre o medo. Para este pensador, diferentemente do medo, que sempre existe em relação a algo que está dentro do mundo, que se aproxima ameaçadoramente e que pode ser removido, a angústia só pode ser sentida diante do mundo como tal. Ela não é provocada como ocorre com o medo, por um fato particular, mas apenas é contingente da nossa existência.

Com base nesta premissa, o médico e fisiológico Kurt Goldstein demonstrou que a adaptação de qualquer organismo a um ambiente acontece através do que ele chamou de “reações de catástrofe”. Após vários choques, os eventos catastróficos passam ter um significado de comportamento ao organismo, ou seja, ganham forma emotiva de angústia, que o dará capacidade de agir para conservar sua existência. O que produz o medo é o sentimento de possibilidade de surgimento da angústia.

E é justamente essa fraqueza natural que todos temos que é usada pelo governo inglês criando uma série de problemas para que juntos tenham a função de corromper a razão e afetar o bom senso das pessoas, tornando-as angustiadas por uma ameaça sempre presente, sempre muito próxima, pronta a se concretizar a qualquer momento. O medo então as dominam e as fazem recorrer ao novo alto chanceler Adam Sutler que promete paz e ordem pedindo em troca um consentimento silencioso.

Mas o filme não pára por aí em suas indagações sobre a natureza humana. V inspirou-se em um personagem histórico, um soldado chamado Guy Fawkes. Este fazia parte de um grupo que articulou um plano, chamado de “Conspiração da Pólvora”. Ele fora pego no dia 5 de novembro de 1605 acertando a posição de 36 barris de pólvora no porão do prédio do parlamento inglês. Seu objetivo era fazer voar pelos ares o prédio do Parlamento com praticamente todo o governo britânico de então: o rei, a nobreza e os parlamentares. Até hoje, todos os anos no dia 5 de novembro, pessoas no Reino Unido, Nova Zelândia, África do Sul, Terra Nova e Labrador e São Cristóvão celebram a falha da conspiração, na chamada Noite de Guy Fawkes.

A vingança de V então consiste em fazer o que Fawkes não conseguiu, isto é, destruir o prédio do Parlamento com Big Ben e tudo o mais que ele tem direito. Ele quer, com isso, fazer com que imparcialidade, justiça, liberdade sejam mais que palavras vazias de discurso político, mas sim perspectivas que guiam ações efetivas, palavras recheadas de substância, que oferecem um significado e, para aqueles que ouvem, a enunciação da verdade.

Para V a explosão do prédio significa o mesmo que o prédio em si, ou seja, um símbolo. Através deste ato, o povo se liberta do medo, deixando de precisar de signos, e passa a ter esperança sustentada por uma consciência mais precisa da realidade.

Este desenrolar de acontecimentos é bastante interessante. É Sheler quem aponta a relação entre objeto e medo como uma relação simbólica pois considera que os estados emotivos não têm caráter intencional por si mesmos. Não se referem imediatamente a objetos ou situações. O estado emotivo pode tornar-se um signo do objeto ou da situação. Para Sheler, o valor constitui o objeto próprio da emoção e é considerado uma realidade específica, irredutível às realidades percebidas ou conhecidas de natureza absoluta.

Portanto, como bem afirma V, a explosão de um prédio pode sim mudar o mundo embora não existam certezas de nada mas apenas oportunidades. A oportunidade para V está clara, e é com este ato que ele pretende mudar radicalmente a mente de seus concidadãos, colocando abaixo símbolos, signos, significações que tiram a atenção da população não permitindo-as pensar e agir de forma autônoma.

Max Weber também acreditava que as ações são realizadas a partir de motivações que, de certa forma, oferecem significado ou sentido próprio à conduta humana. A sociedade retratada em “V de Vingança” está presa a uma realidade forjada, a uma significação criada e imposta por um grupo que visava o poder. Essa situação somente será alterada se todas as pessoas, coletivamente, mudarem a forma como enxergam as coisas, algo que é muito, mas muito difícil. Somente um evento muito marcante, de grandes proporções, para provocar uma ruptura de paradigma de tal magnitude.

No dia 11 de setembro, os aviões foram além de atingir duas torres e matar milhares de pessoas. Os arquitetos desta ação conseguiram com isso abalar uma crença já muito enraizada. Os estadunidenses possuem fascinação por edifícios. Os prédios são símbolos de progresso e poderio econômico. Dessa forma, foi destruído também a convicção inabalável de invulnerabilidade.

Considerações finais

Eu vejo “V de Vingança” como uma caricatura da realidade. Todos nós sabemos que os caricaturistas supervalorizam aspectos singulares fazendo-os se sobressaírem exageradamente no todo.

Contudo, talvez a trama apresentada no filme seja uma representação exagerada de outras formas de dominação das quais estamos submetidos sem perceber. O filme nos chama a atenção pra isso e também que esforços, muitas vezes dolorosos, sejam necessários para se libertar de qualquer estado de opressão.

Qualquer forma de controle é uma agressão a nossa capacidade criativa e inventiva.
Retirado do blog de meu colega Cristiano de Jesus


Até a próxima!
Ao som de - Be Agressive - Faith no More

8 comentários:

  1. Bom, tomara que os leitores não tenham assistido o filme, porque isso é praticamente um spoiler gigante.

    Fato é que para mim, um leigo filosófico, o texto é bastante interessante até o momento em que começam as citações dos autores. Se esse texto é seu sugiro que diminua para o blog, porque está extramente cansativo.

    O filme é sim, extraordinário por vários motivos além dos citados ali. Sustento por ele até uma certa paixão no momento em que fica claro a referência ao Brasil no momento que o V faz o café da manhã.

    O momento do despertar da personagem quando toma chuva, enfim explêndido.

    Parabéns meu amigo, pelo conteúdo sempre interessante do blog.

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  2. Ah Z, sei que está meio longo, mas justamente a ponte entre o filme e a filosofia é a parte mais interessante (pra mim) hehehe.Nas próximas serei mais enxuto nos textos!

    Valeu!!Abraço

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  3. Quando se trata de textos longos mas nada entediantes, vale super a pena!

    O medo é o mais cruel dos sentimentos, certeza. Ele pode nos empacar, inspirar, matar e nos botar em marcha a uma revolução numa mesma intensidade.
    O problema é mesmo como você disse: é MUITO dificil a gente usar o medo pro que pode ser útil, pois tendemos a travar com ele. (bom, pelo menos eu, confesso) e é uma droga pensar que é necessário algo grandioso (explosão de qualquer coisa que tenha determinada importância) nos fazer querer mudar. É, a gente é assim, fala fala fala, sente sente sente mas só fazemos (ou pensamos em) quando chegamos ao extremo.

    O V de vingança salva nisso também. Ai agora fiquei a pensar: A partir de quando faremos algo relevante que ajudará ninguém mais do que nós mesmos?

    O filme é incrível com todas suas referências e eu gostei muito das comparações que você colocou. (Quase) tudo é válido chamar a atenção das pessoas nesse sentido.

    Sim, tá extenso pra caramba mas tá muito bom, como sempre! parabéns.

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  4. Caro Thiago:
    Entendo a opinião do Bruno sobre a brevidade dos posts torná-los mais "palatáveis", mas acho que vale a pena alongar um pouco mais o que tem qualidade. E esse foi o caso do seu post.
    Acho que o post merece várias análises.
    A primeira diz respeito à arte. Logo no início do post, você trata das reproduções, da massificação dos objetos de arte, etc. Eu acho esse tema super fascinante, pois atualmente imagino que seja difícil conceituar o que seja "arte", sem recorrermos ao simplório "Arte é o que os especialistas consideram arte!". Fazemos isso, normalmente, sem nos questionarmos qual a competência dos ditos "especialistas" para realizarem tal classificação.
    Em segundo lugar, as considerações sobre o enredo do filme e sobre sua materialização cinematográfica.
    Achei o filme muito bom, também. O enredo não é algo impossível. Talvez, apenas esteja "caricaturado" - no sentido de que certos traços são postos em relevo, a fim de se tornarem mais perceptíveis à crítica. Mas que já há uma severa manipulação, e que esta não se prende a nenhum aspecto ético... ah, isso já existe há muito tempo.
    Por último, mas talvez o mais central, seja a análise do "medo"... e de outras "paixões". Nessa análise, as contribuições de Hobbes, Descartes, Heidegger, etc. são muito bem vindas. Entretanto, acho que o maior investigador das "paixões" foi o filósofo Spinoza. Entre as paixões que nos tiravam a potência de viver, para ele, estaria o medo. E, à maneira de Aristóteles, percebia o medo como um efeito de uma dúvida sobre um mal futuro. Talvez, mais do que o próprio mal, o medo instaura em nós uma agitação (no momento, desnecessária) sobre um fato incerto. O "desnecessário", no momento, não implica obviamente que não nos preparemos para situações problemáticas possíveis num futuro, mas o melhor, nesses casos, é agir... tornando-nos ativos na situação, ou seja, exercitando nossa potência de viver... nossa vontade de potência, em termos nietzscheanos.
    Ótimo post!

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  5. Muito bom o post, sou fã do filme, pois acredito na filosofia anarquista e o V de Vingaça é fortíssimo nisso.

    Esse tom desafiador do herói, nada mais é do que a autogestão anarquista.

    Um fato é que o cinema costuma exagerar em tudo mesmo. O exagero faz com que detalhes importantes não passem batidos pelo público, é um artifício da linguagem cinematográfica.

    Só discordo quanto à aura da obra de arte. Acho que essa arte de mercado sempre existiu, mas essa produção em série é apenas uma transição para dias da democratização da arte.

    Onde a arte não vive apenas dentro de um templo, pode ser estampada num muro. Walter Benjaminn comenta isso em seu texto sobre "A obra de arte na era da reprodutibilidade técnica".

    Hollywood realmente tenta manter essa aura pra faturar rios de dinheiro, mas acho que ao mesmo tempo, a arte escapa ao controle deles, se democratizando, nos levando a uma realidade onde qualquer um pode ser artista e dedicar seu tempo à arte.

    Ah, as reflexões sobre o medo e o dominação são perfeitas, parabéns por mais um post de ótimo conteúdo.

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  6. Bom, eu achei esse blog procurando sobre um livro que comprei, "Cine filô", do Olivier Pourriol, e acabei me deparando com um post sobre "V de Vingança", que é um dos meus filmes favoritos.
    O filme é muito bem montado, desde o roteiro até a fotografia e é bastante à HQ, que eu comprei depois e que me fez ficar ainda mais apaixonada pela história.
    E de tudo que já foi dito no post e nos comentários sobre o filme, a parte que mais me marcou foi a tortura de "Evey" que leva ela a uma transformação. Depois de muito sofrimento, ela finalmente entende, ela capta a "mensagem" que V tentava passar a ela.
    Acho que nunca refletido tanto com um filme.
    Parabéns pelo blog, vou passar a visitar sempre.

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  7. Eu acho que todos deveriam V esse filme e depois comenta

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  8. Excelentíssima postagem! Parabéns por unir a filosofia nessa resenha desse tão grandioso filme... V de Vingança realmente é uma obra espetacular, umas das melhores quando se trata de quadrinhos. O filme não é tão bom quanto a história de verdade, mas sinceramente, foi muito bem feito.

    Só tem uma coisa que me encomoda: como pode Alan Moore criar a história e ela virar cinema sem a sua autorização? (pelo que eu sei, Moore não gostou do que fizeram com a Liga Extraordinária e se negou a ver o filme).

    gg!

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Filosofando