sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Experiência Filosófica - Encontrar lembranças perdidas

Oi gente. Inicio aqui alguns posts especiais que farei a partir desse ano. Consistem em experiências filosóficas para o cotidiano. Algumas simples, outras mais complexas e profundas, mas todas interessantes. São retiradas do livro "101 experiências de filosofia cotidiana" do francês Roger-Pol Droit, publicado pela Sextante, e algumas inventadas por mim.

A experiência de hoje foi usada na aula do 2° e 3° Médio sobre psicologia. Espero que com isso fique mais claro para vocês o conceito freudiano de pré-consciente. Vamos lá.



"Encontrar Lembranças perdidas

Duração: 30 minutos ou mais

Material: uma memória

Efeito: imprevisível

Você sabe tantas coisas! Isso lhe parece tão comum e simples que você nem pensa mais a respeito. Você conhece, por exemplo, independente do seu nível de instrução, milhares de palavras da sua língua materna, as regras da gramática, aritmética, geometria. Lembra-se também de centenas de histórias, reais ou inventadas, vividas por você e por outros, transmitidas pelos historiadores ou por testemunhas, emprestadas também dos contos, dos romances, dos filmes.

A experiência consiste em constatar que você possui na sua memória mais lembranças do que sabe. É claro que você tem idéia disso, mas faça assim mesmo a experiência: separe uns trinta minutos e sente-se em um sofá. Feche os olhos e comece a procurar uma lembrança perdida, de forma voluntária e brutal.

Podemos pensar que uma experiência desse tipo está destinada a fracassar. É muito direta, muito grosseira. Mas não é bem assim. Ela raramente dá errado. Quase sempre nos recordamos de uma lembrança que irá se desdobrar – um fato, uma data, um gesto, uma cena, um rosto – e que pensamos ter desaparecido.

Não comece de forma totalmente aleatória, escolha algumas categorias genéricas, tais como trabalho, férias, eventos históricos ou familiares. Escolha como guia virtual um rosto, um ano, um local ,uma emoção. Siga, vire, aprofunde. Não force e não insista. Deixe que venha. No momento em que menos esperar irá surgir um fragmento de imagem, um ruído, um cheiro, uma cena. O conjunto pode aparecer de uma vez só, em sua totalidade, ou pode ser que seja necessário ouvir, desenvolver, desfazer uma a uma as dobras fechadas.

De vez em quando entre, passeie dentro de você mesmo e descobrirá, assim como desenterramos cogumelos ou trufas, lembranças que estavam aparentemente perdidas."

Ao som de: Muse - Invincible

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

O que é conhecimento?

Ólá turma. Aí vai o texto utilizado na aula de Filosofia do dia 9/02, para o projeto "Águas demais".


"O que é conhecimento?

Pedimos somente um pouco de ordem para nos proteger do caos. Nada é mais doloroso, mais angustiante do que um pensamento que escapa a si mesmo, idéias que fogem, que desaparecem apenas esboçadas, já corroídas pelo esquecimento ou precipitadas em outras, que também não dominamos. [...] Perdemos sem cessar nossas idéias. É por isso que queremos tanto agarrar-nos a opiniões prontas.
Deleuze e Guattari – O que é Filosofia?


A verdade

Todo conhecimento coloca o problema da verdade, quando nos perguntamos se o que está sendo enunciado corresponde ou não à realidade.

Comecemos distinguindo verdade e realidade. Na linguagem cotidiana, frequentemente os dois conceitos tendem a se confundir. Se nos referimos a um colar, a um quadro, a um dente, só podemos afirmar que são reais e não verdadeiros ou falsos. Se dizemos que o colar ou o dente são falsos, devemos reconhecer que o “falso” colar é uma verdadeira bijuteria e o “falso” dente um verdadeiro dente postiço.

O falso ou o verdadeiro não estão na coisa mesma, mas no juízo, e portanto no valor de verdade da afirmação. Há verdade ou não dependendo de como a coisa aparece para o sujeito que conhece. Por isso dizemos que algo é verdadeiro quando é o que parece ser. [...]


O critério da verdade

As questões analisadas nos remetem para a discussão a respeito do critério de verdade. Qual o sinal que permite reconhecer a verdade e distingui-la do erro? A resposta a essa pergunta tem variado no tempo, como veremos.

Há uma longa tradição na história da filosofia segundo a qual o critério da verdade é a evidência. Nesse sentido, para os gregos, verdade é aletheiam que significa não-oculto, portanto o que se desvela, o que é visto, o que é evidente. Algo verdadeiro seria o que corresponde à realidade, tal qual ela se mostra a nós.

Os escolásticos, filósofos medievais, seguindo a tradição aristotélica, repetem que “a verdade é a adequação do nosso pensamento às coisas.” O juízo seria verdadeiro quando a representação é a cópia fiel do objeto representado.

O critério da evidência sofreu posteriormente inúmeras críticas, sobretudo a partir da Idade Moderna, quando se rompe a crença de que a realidade do mundo aí está para ser conhecida na sua transparência. A questão do conhecimento passa a ser mais complexa: como julgar a verdade da representação do real pelo pensamento?Além disso, os filósofos da modernidade questionam a possibilidade mesma de conhecimento do real. Vejamos os exemplos de Descartes, Nietzsche, os pragmatistas, filósofos analíticos e Jürgen Habermas."

(Adaptado de ARANHA, Maria Lucia de A. Aranha. Filosofando - Introdução à filosofia)

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Levante sua voz

O Ilha das Flores da comunicação

O roteiro é o mesmo, mas no lugar de retratar a Ilha das Flores, de Jorge Furtado, o diretor Pedro Ekman apura a inexistência do direito à comunicação no Brasil. O vídeo é um pouco longo, 17 minutos, mas vale a pena parar para ver. Você vai rir, chorar, se emocionar e torcemos para que, como a TV Vermelho, ajude a espalhar por todos os cantos do país a obra prima que é o curta Levante sua voz.

O curta foi produzido pelo Intervozes Coletivo Brasil de Comunicação Social com o apoio da Fundação Friedrich Ebert Stiftung e retrata a concentração dos meios de comunicação no país.




Intervozes - Levante sua voz from Pedro Ekman on Vimeo.

Ficha técnica:



Roteiro, direção e edição: Pedro Ekman
Produção executiva e produção de elenco: Daniele Ricieri
Direção de Fotografia e câmera: Thomas Miguez
Direção de Arte: Anna Luiza Marques
Produção de Locação: Diogo Moyses
Produção de Arte: Bia Barbosa
Pesquisa de imagens: Miriam Duenhas
Pesquisa de vídeos: Natália Rodrigues
Animações: Pedro Ekman
Voz: José Rubens Chachá



Retirado do site do meu querido professor Arlindo F. Gonçalves. O eterno Air beautiful. Veja aqui .